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O coordenador do Programa de Depressão na Infância e Adolescência do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Christian Kieling, ficou em primeiro lugar em uma disputa promovida pela britânica MQ, instituição que promove pesquisas na área de saúde mental. A competição, uma espécie de “reality show acadêmico”, contou com a participação de 30 pesquisadores do mundo inteiro, que ficaram durante 72 horas em um hotel na região metropolitana de Londres. Os cientistas estavam em busca de financiamento para suas pesquisas e o prêmio era tentador: 1 milhão de libras (cerca de R$ 4,3 milhões). Kieling, em conjunto com a psiquiatra Valeria Mondelli, do Instituto de Psiquiatria da Londres, liderou o time vencedor e coordenará uma pesquisa que busca identificar indivíduos com risco de desenvolver depressão na adolescência. 

Na disputa, os 30 pesquisadores foram divididos em grupos de acordo com suas afinidades e a tarefa era elaborar uma proposta de estudo em saúde mental. O professor do Serviço de Psiquiatria da Infância e da Adolescência do HCPA concorreu com cientistas de Harvard, Yale, Cambridge, entre outras instituições de renome internacional.

O trabalho de Kieling busca elaborar uma abordagem individualizada para detectar jovens com risco de desenvolver depressão. “Vários estudos já tentaram estratégias de prevenção universal, mas infelizmente os resultados mostram que isso não parece ter muito benefício. Pesquisas de prevenção voltadas a indivíduos com risco elevado, por outro lado, têm se mostrado mais promissoras”, afirma o pesquisador.

No projeto, serão coletadas informações do Brasil, Reino Unido, Nigéria e Nepal, por meio de pesquisadores que se juntaram ao grupo durante o encontro na Inglaterra. Inicialmente, serão selecionados cem pacientes em Porto Alegre, alunos da rede pública, que serão divididos em três grupos: jovens com alta probabilidade de desenvolver depressão, jovens com chances baixas em relação à população em geral e aqueles que já têm a doença. Depois os dados serão comparados aos de outros países para identificação de possíveis fatores ambientais que influenciam na doença. O acompanhamento inclui exames de neuroimagem e coleta de sangue, para verificar marcadores inflamatórios que estariam relacionados à condição.

Prevista para começar oficialmente em abril de 2018, a pesquisa tem duração inicial de dois anos, mas não está descartada sua continuidade após esse período.

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